domingo, 27 de julho de 2008

Um muro agora. Um murro depois.

Vendo meu voto. Mas não sou nenhum alienado ou ignorante político( pelo menos, acho que não). Só estou decepcionado com tudo o que vejo por aí e quero aproveitar pra lucrar um pouco com isso.
Meu voto está à venda! Quem dá mais? Dou-lhe uma, dou-lhe duas. Vendido para a simpática senhora que está ali.
Consegui o muro que queria. E ela o voto que precisava. Foi uma troca justa. Agora é só esperar.
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Puxa! Essa campanha me cansou. Mas cumpri minha parte no acordo. Agora só falta o muro.
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O Muro ainda não foi levantado. Disseram que houve uma complicação na liberação da verba. Começo a me preocupar. Bem que me disseram pra não confiar muito em políticos.
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Um Murro. Foi o que recebi no lugar do muro prometido. Um segurança, que mais parecia uma muralha, barrou minha entrada num evento onde minha candidata estava presente. Eu só queria protestar civilizadamente. Pedir o cumprimento da outra parte do acordo. Levei um murro como resposta. Nunca mais entro numa dessa. Dá vontade de sair gritando por aí e chamar minha, agora, ex-candidata de "caloteira". Mas corro o risco de passar por otário, já que vendi meu voto sem exigir uma declaração assinada em cartório. Se bem que isso é ilegal. Mas o que começa errado...
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Meses já passaram e eu aprendi a lição. Nunca mais venderei meu voto. Vou no máximo alugá-lo. Mas só faço com o dinheiro na mão. Jamais confiarei novamente em promessa de candidato. O Murro que levei me ensinou uma lição preciosa. Nunca confiar no ovo que ainda está dentro da barriga da galinha. Ou num muro de tijolos abstratos.
Agora, tenho que ir. Estou atrasado. Negociarei meu voto com um futuro candidato a deputado. Mas já estou precavido. Gravarei toda a conversa. E contratei um auxiliar para o caso de algum murro aparecer. Afinal, a dor é a melhor professora e a esperteza é a melhor moeda de troca.
Pena que não tenho muita.

Gilberto Cardoso, professor de Língua Portuguesa.

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