quarta-feira, 9 de julho de 2008

Um Eduardo, Outra Mônica.

Eduardo abriu os olhos.
E dessa vez, quis logo se levantar.Não aguentava mais as loucuras da Mônica. No começo era tudo flores. Mas não avisaram dos espinhos. Os filhos já haviam crescido, os peitos já haviam caído. Onde estava aquela Mônica que tanto o encantou? Hoje era só reclamação pra cá, queixas pra lá. Nunca mais houve festa estranha com gente esquisita. Pensava em algo pra mudar a situação.
Enquanto isso, Mônica desistiu de tomar outro conhaque. Ele não ia ajudar mesmo. Seu príncipe tinha virado um sapo. Barrigudo, careca. O que fizeram com seu Eduardo? Trocaram-no por um sujeitinho mal-humorado, ranzinza. Ele nunca foi um exemplo de romantismo, mas piorou com o passar dos anos. Os gêmeos, já crescidos, eram a única certeza de felicidade que lhe restava. Pensava se ainda queria manter essa situação.
"E quem irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?." Essa frase não saia da cabeça de Eduardo. Apaixonou-se muito cedo. Era tão novo, inexperiente. Deixou-se levar pelo coração. Queria poder voltar ao tempo do futebol de botão com seu avô. Tá certo que o relacionamento teve momentos maravilhosos, mas parece que eles desapareceram numa avalanche de situações ruins do cotidiano. Eram diferentes demais. Como àgua e óleo, não se encaixavam. Mas então, por que tanto tempo juntos?
"E quem irá dizer que não existe razão?" Mônica repetia para si essa frase. Sempre teve a cabeça no lugar. Mas ao conhecer Eduardo, a emoção tomou conta de si. Não eram nada parecidos, mas todos diziam que ele completa ela e vice-versa, que nem feijão com arroz. E foi isso que manteve a união durante tanto tempo. E hoje ela se pergunta se valeu a pena.
Eduardo a olhou. Foi sincero e direto. A relação chegou ao fim e não adiantava ficar enganando a ambos. O divórcio os esperava.
Mônica o ouviu. Aprovou a sinceridade dele. Pensava o mesmo. Era melhor acabar aqui enquanto ainda podiam guardar boas lembranças de ambos.
O tempo passou. Renato compôs a música.
Eduardo a ouviu em um dos momentos em que curtia sua recente solteirice. Primeiro, achou engraçado. " Que coincidência", pensou. Em seguida, refletiu em sua própria história vivida até aqui. Estava querendo enganar a quem? Algo estava faltando. E sabia o que era. Resolveu agir. Qual o número dela mesmo?
Mônica estava espantada. Acabara de ouvir sua história musicada. Pensou na decisão que havia tomado. E não estava conseguindo enganar a ninguém. Sentia falta do seu oposto indispensável. E iria lutar pra tê-lo de novo. Custe o que custar.
O telefone tocou.
Era Eduardo.


Gilberto Cardoso, em homenagem a maior banda de rock do país, a Legião Urbana.

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