quinta-feira, 10 de julho de 2008

São humanos com nossos direitos?

Odeio ter idéias atrasadas.
Rasgar a Constituição é uma delas. Quando pensei em fazer, nossos representantes fizeram na minha frente. Nem esse direito eu tenho.
É triste comprovar que somos uma terra sem leis. Já é até banal falar na violência das cidades. João Hélio e João Gabriel viraram marcas no coração do Brasil. Um país que não consegue cuidar do seu próprio futuro.
Quando sabemos das últimas notícias, uma onda de comoção nos atinge. E surte pouco efeito. A próxima tragédia vai nos abalar mais ainda. Vamos chorar, reclamar, dizer " como isso pôde acontecer?" E depois voltaremos ao mesmo ponto estático a que nos acostumamos.
O Brasil é assim.
Até no mais inóspito recanto do país, há uma sensação de insegurança, real e assustadora. E não existe dinheiro que traga de volta as vidas levadas pela violência.
Seria fácil colocar a culpa em nosso corrupto presidente e seus aliados interesseiros. Eles são culpados, mas foram colocados lá pelo voto popular. O mesmo povo que fica a mercê dos bandidos sem ternos, enquanto os engravatados estão seguros atrás dos muros de suas mansões.
É meio repetitivo afirmar isso, mas tudo começa no contexto político. A bagunça social que reina em nosso país teve origem lá. E a solução também.
O problema é que a massa de eleitores não tá nem aí pra isso. E o comércio eleitoral faz a festa nessa época do ano. Tudo isso porque em uma nação tão carente, física e emocionalmente, não se dá valor ao voto. Ele é moeda de troca. Vale uma sandália, uma cesta básica ou um cargo comissionado no próximo governo.
Assim é o Brasil.
A Constituição, que foi rasgada, garante uma montanha de benefícios aos cidadãos. Nenhum deles à disposição na prática.
Não são humanos com nossos direitos.
Na verdade, nem sei ao certo se são humanos.

Gilberto Cardoso, professor de língua portuguesa da Escola Padre Maurício.

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