quarta-feira, 2 de julho de 2008

Não é a bala que está perdida!

Do nascimento até agora, ela foi definida com propósitos.
Tinha um caminho já traçado. Não podia negar sua origem. Teve uma vida dura. Forjada a ferro e a fogo. E sempre, durante toda a existência, foi usada. Homens gananciosos a vendiam, exploravam. Passou de mão em mão, sendo vista como uma mercadoria de valor. Até que um dia encontrou seu destino... na cabeça de alguém.
Foi retirada rapidamente, presa e levada a julgamento.
Tentou argumentar inocência, mas sua causa era perdida. Sem argumentação para a defesa, foi condenada a uma morte em vida. Odiada por todos sem nunca entender o porquê.
E sua história não é única. Há muitos como ela em nosso meio.
Por isso estamos perdidos. E vamos continuar.
Em nossa guerra cívil não declarada, onde todos somos vítimas em potencial, sempre haverá uma bala destinada a alguém, com um nome gravado na memória, à procura de um lugar pra descanso. Descanso esse que inesperadamente alcançará pessoas possuidoras de planos, objetivos, sonhos.
Todos encurtados pela ação de uma bala, perdida, em uma sociedade mais ainda.

Gilberto Nunes, professor da Escola Padre Maurício e Estudante de Letras da UEMA.

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