sábado, 29 de novembro de 2008

Mãos diferentes, Sombras iguais.

"Todo ser humano tem direito a ser alguém e tem direito a ter um bem do bom e do melhor."
(Gabriel, O Pensador)

"O sino da desumanidade do homem para com o homem não dobrará por um homem em especial, mas por qualquer homem. Dobra por você, por mim, por todos nós".
As palavras ao lado pertencem a Martin Luther King, ativista e pacifista negro que lutou pelos direitos civis dos negros norte-americanos nas décadas de 50 e 60. Luther King acabou sendo assassinado por causa de sua luta, mas suas idéias ecoam ainda hoje. O problema é que outras vozes tentam silenciá-las. A sociedade, estimulada pelo sistema capitalista comercial,cria datas especiais para "homenagear" as minorias ou incentivar o consumo. Como consequência direta cria-se a visão do "Dia". Isso causa comoção, atenção. Até pode causar reflexão, mas dificilmente gera ação.
E sem ação, as palavras são apenas palavras. O que não é bom. Palavras são o motor de qualquer ato. E os atos produzem mudanças. As pessoas acomodam-se nas datas comemorativas e esquecem de atribuir o valor devido a todo ser humano todos os dias.
Não é preciso esperar um dia especial para valorizar alguém. Ou para lutar por algum direito civil. Mulheres, homens, crianças, idosos, brancos e negros, todo ser humano é especial em qualquer dia do ano. E todos precisam de oportunidades iguais para crescer, viver, progredir. Somos residentes de um mesmo planeta e para melhorá-lo precisamos juntar as mãos diferentes, produzindo uma única sombra em comum.

Gilberto Nunes, professor de língua portuguesa.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

E agora? O que fazer com Artur Azevedo?

"99% de nossos alunos de nível médio estão entrando para a universidade (quando entram!) sabendo mais de Ronaldinho Gaúcho, que sobre o autor de A Capital Federal e 99,5% da população de um modo geral nem nunca ouviu falar sobre o indivíduo".

Ubiratan Teixeira, escritor maranhense.

A citação acima de nosso conterrâneo e talentoso escritor foi retirada de um recente artigo jornalístico. E ela nos leva a pensar sobre um problema sério, mas de real solução: A ignorância sobre a obra e pessoa de Artur Azevedo por grande parte de nosso povo.

Como isso é possível?

Não sei ao certo, mas algo ficou claro aos meus olhos. Artur Azevedo precisa ser conhecido. Não para o seu bem ou a sua glória. Isso ele já conquistou e ninguém há de tirá-la. Ele deve ser conhecido para o nosso próprio bem, para o bem da cultura brasileira. Suas peças, contos e crônicas são de uma atualidade impressionante. Elas ensinam, fortalecem e propiciam o crescimento de qualquer um que as lê.

É certo que por "conhecido" refiro-me a não somente saber o seu nome. O belo Teatro na rua do sol já faz isso muito bem.

Conhecê-lo é ler seus textos, estudá-los, transmiti-los a outras pessoas. Principalmente às gerações mais novas. Como educadores que somos, temos não só o desejo mas até mesmo a obrigação de assim fazer.E num País e Estado, onde pouco se valoriza o que é nosso, da terra, Artur Azevedo deve ser visto como aquilo que ele sempre foi e o é para os poucos que têm acesso aos seus escritos: um patrimônio literário nacional. Não é apenas para ser celebrado, lembrado. Deve ser, principalmente, lido. È a leitura daquilo que ele escreveu que vai nos ajudar a tornar sua memória sempre-viva e presente, não só no seu centenário de ida para a eternidade, mas todos os dias.

Enfim, o mais adequado não é perguntar "O quê fazer com Artur Azevedo?".

Mas sim, "O quê Artur Azevedo pode fazer por nós?".

Gilberto Cardoso, professor de língua portuguesa.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O que eu aprendi com Mc Catra.

O homem e a mulher têm biologias diferentes. O homem tem mais testosterona, mais tesão. Por isso, ele pode ter várias parceiras de uma vez. Isso não é traição. È a biologia.

A conclusão acima, "brilhante" por sinal, pertence a um arremedo de cantor chamado Mc Catra. Aquele mesmo. O cara do "vai rolar um adultério". Em mais um edificante(?) debate no programa Superpop( só podia ?), o falastrão do Catra, que diz possuir várias esposas( poligamia é crime, mas o gênio disse que não tá nem aí.Ou seja, o cara é um ótimo exemplo para as gerações mais novas!!!), defende sua nova criação que eu não ouso chamar de música: o passar "cartão de crédito" na bunda da mulher filé ou de qualquer outra dessas mulheres-objetos do funk. E isso foi só o começo.
Tenho três décadas de vida e já vi e ouvi muita coisa. Mas o Catra foi de lascar. Foram tantos absurdos ditos que fica impossível citá-los. E Catra é apenas um.
Existe uma variedade de cantores( se bem que me incomoda ter que chamá-los de "cantores") que descaradamente usam o sexo como tema para vender cd's e se destacar no competitivo cenário musical.
Mas o Catra vai mais longe ainda. Uniu, de um modo absolutamente grosseiro, religião e sexo. Segundo o mesmo, suas composições são abençoadas pelo Deus vivo.
A desgraça maior é que personagens como o Mc Catra existem porque fazem parte de um esquema comercial que não dá a mínima para a qualidade ou conteúdo do produto musical. O que vale mesmo é o lucro obtido. O dinheiro conseguido, de forma honesta é verdade, mas nem um pouco honrosa. São as engrenagens do Capitalismo movendo o mundo em que vivemos.
Entretanto não quero viver em um mundo onde as bundas simbolizam o que há de melhor na mulher. Onde seres humanos não passam de pedaços de carne. Onde personagens como Mc Catra fazem relativo sucesso com músicas que tratam a mulher como se ela fosse um troço descartável.
Por isso, lutamos por uma sociedade diferenciada onde a Educação seja prioridade na luta por um mundo melhor. Sem mulheres-frutas ou "cantores" desmiolados.
Porém, infelizmente, o funk de Catra e seus amigos vai continuar tocando. É um dos males da nossa inexistente democracia. Mas independente das asneiras ditas pelo "polêmico" Mc, sempre haverá espaço para escritos como este ou para músicas de qualidade comprovada, que valorizem a mulher e não apenas uma parte de sua anatomia.

Gilberto Cardoso, professor de língua portuguesa.

sábado, 11 de outubro de 2008

As Palavras voam. Os Escritos permanecem.

Verba volant, Scripta manet – As palavras voam, os escritos permanecem.

O provérbio latino acima, retirado de um dos inúmeros contos do versátil Artur Azevedo, sintetiza o imenso valor literário e histórico dos textos produzidos pelo mesmo.
As Letras brasileiras, e não só as maranhenses, foram agraciadas pela presença deste ilustre teatrólogo, contista, poeta, jornalista e (por que não?) conhecedor como poucos da alma e costumes dos homens de sua época.
E da nossa também, uma vez que seus escritos permanecem atuais.
O leitor de Azevedo se vê no decorrer do texto lido. E levando em conta que o país, de lá pra cá, descontando-se as devidas peculiaridades temporais, continua o mesmo em essência, é possível entender essa atualidade. Quantas "Lolas", "Eusébios" e "Lourenços" não há por aí, e não só na "Capital Federal", mas em cada canto desta nação? E o drama vivido em "O Escravocrata", apesar das leis abolicionistas, reflete ainda na vida de muitos brasileiros, negros e brancos, sob a pesada carga do trabalho escravo moderno. Mas há também a malandragem inócua(?) do Borba, a persistência do apaixonado Isaías e seus divertidos anexins, a esperteza do pacífico boticário que com uma singela pílula resolveu um possível conflito de morte.
Isso é Artur Azevedo.
O Brasil é Artur Azevedo. Em todos os contos, artigos, poemas e peças.
E ainda que para alguns o autor não seja um Machado nas Letras, Artur construiu com sua brilhante pena pilares literários críticos, cômicos, azedos e de igual quilate ou até mais do que os do bruxo do Cosme velho.
Textos que ontem e hoje fazem o Brasil pensar, chorar e rir de si mesmo.

Gilberto Cardoso, professor de língua portuguesa.

Quando a vida resolve esclarecer as coisas.

A vida tem uma maneira estranha de esclarecer as coisas, de abrir os nossos olhos, de "dizer não".
Às vezes, demoramos para entender o recado pois nem sempre evidências são tão claras, mas logo a vida dá um jeito de chamar nossa atenção, e quando isso acontece, quando a vida decide ser um pouco mais incisiva, um pouco mais objetiva, aí é que a coisa complica. Ela não vai querer se importar com nossos sentimentos, não vai querer saber se vamos ficar decepcionados, tristes ou deprimidos. O que ela quer é esclarecer as coisas, nos mostrar aquilo que podemos e não podemos fazer, mesmo que seja algo que desejamos muito.
Às vezes, também a vida deixa passar, deixa que você "curta o momento", porque ela sabe que logo vai passar e sabe esperar o momento certo para te colocar contra a parede, te mostrar o erro, aquilo que você não queria enxergar. E então, estando ou não preparado, lá vai a vida abrir os seus olhos, e na maioria das vezes, o que se vê não é nada agradável.
Às vezes ela te impõe condições, te dar várias opções só pra te confundir ainda mais. Ela sabe que você tá tentando seguir um caminho, então ela coloca à sua frente, "na contramão", algo tentador. Te faz querer aquilo. Tenta-o para que você siga um outro caminho. Faz parecer bom, mas só no começo. Depois que você muda de caminho é que percebe as imperfeições existentes nesta estrada, os obstáculos nela e que só vão te prejudicar.
Não entendeu o que eu disse? Eu falei que é complicada a maneira que a vida tem de abrir os nossos olhos.
Somos imperfeitos.Nem sempre dá pra evitar. O que temos que fazer é viver a vida, prestando atenção a todos os seus movimentos, porque quando ela resolve esclarecer as coisas...

Herryson Carvalho, meu aluno genial da 8 série.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Começo e Meio.

Quantas vezes o futuro vai me enforcar?
Até quando vou te ver sem poder te tocar?
Quando vai esquecer que eu estava dormindo na hora em que você dizia que me amava ao pé do ouvido?
Por que essa transparência na hora em que mais preciso?
E onde meu corpo vai cair nesse precipício?
Quantas vezes nossos caminhos vão se cruzar?
E eu não vou ter coragem de te falar.
Espero essa noite passar assim como espero sua felicidade ainda que para mim isso custe a eternidade. Ainda que prevaleça a saudade. Ainda que leve consigo todas as respostas e que o passado afaste de ti todas as minhas lembranças. Ainda que para mim custe voltar à infância.
E quando o vento parar, o calor voltar, espero tudo isso congelar. Apenas pra dizer que você tem tudo, todo o meu mundo e que toda essa tempestade se acabe com apenas uma frase: "felizes para sempre".
Caso contrário, isso não passará de um poema.
E nada mais.

Escrito por Pedro Henrique, meu querido irmão e aluno.

domingo, 21 de setembro de 2008

O Futuro no/do presente.

Nosso futuro até pode ser incerto.
Mas é construído por meio de nossas ações do presente.
Uma virada pra esquerda em vez da direita. Uma escolha tomada em vez de outra. Um caminho trilhado em vez de outro. São pequenas ações que podem fazer a diferença no futuro que teremos pela frente.
Mas como tomar decisões certas? Como saber se elas são as melhores possíveis?
Eis o problema! Não sabemos!
Não podemos saber até que as consequências nos atinjam. E cabe a nós, o difícil peso de tomar decisões. E independente da idade, elas sempre são difíceis. Podem mudar o rumo de nossas vidas ou mantê-las em um destino já estabelecido.
Espere um pouco! Já estabelecido?
Essa é a grande questão a se pensar. Podemos interferir no futuro ou tudo já está traçado e somos atores vivendo uma peça escrita?
Seja como for, uma coisa é certa: toda ação possui uma reação equivalente.
Por isso é importante pensar antes de agir. Pensar não só no agora, mas no depois.
E ao reconhecer um erro no caminho, tenha humildade e força de vontade, não para tentar apagar o que está errado, mas para corrigi-lo.

Gilberto Cardoso, professor.