sexta-feira, 11 de julho de 2008

Mais desculpas... para mais pessoas!

Desculpas.
Foi com essa palavra que o secretário de segurança do Rio de Janeiro se dirigiu à família do pequeno João.
Desculpas.
Como se o simples pronunciar da palavra pudesse transformar a situação e amenizar a dor da perda. É certo que não foi o secretário que apontou a arma que vitimou o garoto. Nem tampouco o governador. Mas o que acontece nas grandes cidades brasileiras é resultado direto de anos de políticas públicas mal-direcionadas na área de segurança. Por causa da omissão dos governos de hoje e de ontem, temos o caos do momento. E o que mais incomoda não é isso.
O que mais incomoda, o que mais dói é ver a angústia de alguém que foi marcado pela violência. O sentimento de impotência diante de uma situação inesperada, trágica.
Não adianta pedir desculpas. É preciso mais. Uma polícia despreparada só vai perpetuar barbaridades como as cometidas recentemente. Quantas vidas terão que ser perdidas até que algo seja feito de concreto?
Recentemente, o filme "Tropa de Elite" trouxe a truculência policial para a pauta do dia. Muito se falou, muito se discutiu sobre os métodos aplicados pela polícia no combate ao crime. Tanta violência foi tão estimulada que aos olhos de alguns virou um mal necessário.
Os policiais que mataram o pequeno João agiram como se estivessem em um seriado policial, atirando primeiro e nem sequer dando uma oportunidade pra qualquer rendição ou indagação. Eles são um reflexo de como é a segurança pública no Brasil.
E o governo vem com um papo de "desculpas?"
Não dá pra aceitá-las!
Resta a mais uma família brasileira enlutada tentar se reerguer, recomeçar a vida, ainda que imersa na saudade do anjinho que foi tirado de forma absurda do nosso convívio.
E a nós, resta-nos o desabafo de um pai, que mesmo no auge da dor, soube encontrar forças para deixar-nos uma lição:

" Ninguém tem o direito de matar ninguém. O Estado não tem carta-branca pra matar ninguém. Aqui não tem pena de morte. Se esta instituição está falida, vamos melhorar a instituição, mas não botar um monstro na rua pra matar a gente".

Sábias e comoventes palavras.
Esperamos que as autoridades competentes(?) as tenham ouvido.

Gilberto Cardoso, professor de Língua portuguesa.

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