domingo, 27 de abril de 2008

As crônicas do Mara: os laranjas, o mirante e a cafeteira.

Em uma terra não tão distante assim, um jogo de poder inicia-se. A cadeira do trono está vazia. Ou quase. O atual REInaldo não tá com a bola toda. Puxou o tapete da Poderosa, aquela cujo-nome-não-deve-ser-falado. Mas ela está de volta. Com mais Gana. Com mais Grana. Disposta a voltar ao comando.
Para tanto, precisava de auxílio. Procurou um considerável artefato de poder: a antiga cafeteira. A mesma que no passado a desprezou. Mas não há roteiro que não mude pela força do dinheiro. Aliança formada. Luta iniciada. Os alicerces da realidade foram abalados. Ou melhor reestruturados.
O debilitado castelo Mirante, abandonado pelo traiçoeiro REInaldo, foi restaurado. É a sede do poder daquela cujo-nome-não-deve-ser-falado. Com um pomposo castelo à disposição, uma luta ideológica é travada. Mas é necessário mais pra ganhar. Ganhar é pouco. O que se quer é monopolizar. É preciso acabar com qualquer tipo de futura resistência. E um plano é traçado. Laranjas são plantados. São doces, agradáveis, atraentes ao povo. E servem pra dividir as forças adversárias. O plano segue conforme o planejado.
E no reino do Mara, nuvens negras pairam no céu. E parecem que não vão sair. Até que...antigos habitantes, imunizados aos discursos daquela cujo-nome-não-deve-ser-falado, resolvem se unir. Recusam as graças do REInaldo e não são submissos à Poderosa. São poucos e taxados de loucos. Mas a epidemia se espalha. E chega no meio do povo. E o povo sai no meio. Das ruas. Das escolas. Das praças. Todos gritando: " A realidade não é essa. Vamos descobri-la." E eles foram.
E até hoje tentam. A luta não acabou. E pode mudar a vida. Os poucos que gritam sabem que suas vozes poderão ser abafadas. Mas nunca apagadas.
E a mensagem de libertação sempre será anunciada. Até mesmo por meio de crônicas. Como esta que você acabou de ler.

Gilberto Nunes, professor e estudante de Letras da UEMA.

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