quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um país de bundões.

Terça-feira. 22 horas.

Zapeando pelos canais a procura de algo. Uma visão qualquer que iluminasse este dia cansativo. Quando de repente a vi. A Bunda. Grande. Linda. E rápida. Parecia até que tinha vida própria
Enquanto um mané cantava(?) algo impossível de classificar como música, a bunda reinava absoluta na tela.
Naquele momento de êxtase, a grande revelação aconteceu.
A Bunda. Ela é a solução.
Nada de planos econômicos mirabolantes. Nada de projetos educacionais revolucionários. Nada. Nada.
O negócio é olhar para trás. Usar a parte de trás. É com ela que o país vai avançar. A Bunda lembra submissão, subordinação. Lembra nossa própria história. Nada de olhar pra cima. Olhe pra baixo.
Que outros países fiquem conhecidos pela grande capacidade intelectual. Nós ficamos com o rebolado, com o remelexo de uma bunda arrebitada.
E depois de um dia cansativo de trabalho, faça como eu. Zapeie pelos canais a procura dela. Não vai demorar muito pra encontrá-la. E como diria Marta:" Relaxe e goze".
Se o seu cérebro reclamar de algo, mande-o dormir. Você não vai precisar dele mesmo.
E agora que já fomos bundalizados, precisamos divulgar nosso evangelho para outros. Comecemos pelas crianças, pois o adulto bundão do futuro começa na infância. E dá-lhe mulher melancia, melão e outras frutas tropicais.
Na próxima eleição, em vez de depositar confiança nos pilantras de sempre, eleja a Bunda como nossa representante. Pelo menos, quando ela fizer alguma merda, você não se sentirá enganado.
É. Eis o que nós somos. Um país de Bundões.
Mas o que acontecerá quando a Bunda sair de moda?
Pra onde vamos olhar? Pra frente?
Aonde vamos parar? Ou melhor, vamos parar algum dia?

Gilberto Cardoso, professor de língua portuguesa da Escola Padre Maurício e estudante de Letras da UEMA

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