domingo, 29 de junho de 2008

Apenas um garoto.

Inverno de 2008.

Apesar do frio intenso da madrugada, o garoto não sentia incômodo. Não sentia nada.
Estava morto.
O corpo ensanguentado perdeu os sonhos, as esperanças, a vida. Foi silenciado pelo som de uma bala.
Silenciado. Silêncio.
É o que não acontece hoje no Congresso Nacional. Lá o barulho das comissões parlamentares sacode o país. Todos em busca de provas concretas de corrupção. Procuram provas para o que comprovado estar. Nosso país é corrupto. Nasceu em um processo corrupto de colonização. Virou república corrupta e provavelmente vai continuar a ser.
Discursos políticos inflamados não irão mudar a nação. "Caras-pintadas" na ruas também não.
A mudança não pode ser superficial. Tem que ser na estrutura. Ela é que está podre, fadada ao fracasso. E nossos pequenos atos corruptos do dia-a- dia só pioram ainda mais as coisas.
Portanto, não se engane. A atual campanha contra corrupção nos cofres públicos não vai transformar o país. Haverá muita fumaça, mas pouco fogo. Como as regras dos jogo são injustas, o resultado também será. E a corrupção continuará gerando miséria, que por sua vez gera a violência que abate jovens como o do começo do texto.
Mas e daí, né?
Era apenas um garoto como tantos outros que há neste país. Entretanto, imagine se em vez de Mensalão, houvesse Educação? O quê esse garoto poderia ser?
Quer saber?
Não imagine. Era apenas um garoto.

Gilberto Cardoso, professor da Escola Padre Maurício e estudante de Letras da UEMA.

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