domingo, 27 de julho de 2008

Poderiam deixar o Davi ganhar? Ao menos uma vez?

Quase todo mundo torce pro Davi. Ele é do povo, é simples, tem a cara da gente.
Enquanto o Golias de, tão grande, faz sombra por onde passa.
Davi pega a pedra, prepara a baladeira( em um versão mais nordestina da história) e atira.
E então, acontece... nada!
A pedra sequer faz Golias rir.
E Davi se põe a correr pra não virar uma página amassada na história.
Ei, mas na Bíblia não foi assim!
É verdade. O problema é que nossos personagens são outros. Outros "Davi" e "Golias", que sempre aparecem em época de eleição.
A diferença principal entre eles? O dinheiro.
Davi tem dívidas aos montes. Golias só falta nadar no dinheiro.
A campanha de Davi é feita por alguns voluntários. Geralmente amigos e família. Já Golias contrata alguma firma terceirizada para o serviço. Enquanto Davi rala debaixo do sol escaldante tentando conquistar alguns votos, Golias administra o andamento da campanha pela Internet, saboreando um delicioso vinho com caviar.
É por isso que eleição no Brasil não surte o efeito esperado. Não existe alternância de poder.
Ele sempre continua nas mãos dos poderosos. Às vezes, de grupos políticos diferentes, mas com a mesma visão. Não representam o povo. Representam a si mesmos.
Do modo como as coisas vão, nunca um Davi de verdade vai chegar ao poder.
A solução? Equilibrar as coisas.
Partidos pequenos devem ter os mesmos direitos e oportunidades dados aos partidos grandes. O mesmo espaço na mídia. O mesmo limite para o uso do dinheiro.
"Ah, mas isso não vai acontecer" diz você.
Também acho, mas não é por isso que vou concordar com o que acontece eleição após eleição.
É uma luta desigual. Não tem chance de Davi ganhar.
Até penso em mudar de lado. O Golias paga mais. E só assim vou poder ter meu dinheiro de volta para seu lugar de origem. Afinal de contas, quem você acha que acaba bancando a campanha do Golias?
Olhe no espelho e terá uma resposta.

Gilberto Cardoso, professor de Língua Portuguesa.

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