quarta-feira, 30 de julho de 2008

O Bruno tem razão!

"Música não se faz com a bunda."
A frase acima é de Bruno Gouveia, vocalista da Banda Bíquini Cavadão. Foi dita durante um momento de desabafo no Ceará Music Festival. E não é que o Bruno tem razão?
O mercado brasileiro tem visto surgir uma enorme quantidade de bandas( se é que podemos chamar assim) cuja maior "qualidade" são as músicas chulas, de duplo sentido, reverenciando a bunda e menosprezando o cérebro. É tanta bunda que até enjoa. E isso é um absurdo.
Temos uma história marcante no Rock nacional. A Legião, Capital Inicial, Os Titãs, Ira, Os Paralamas, Os Engenheiros( só pra citam alguns nomes) movimentaram e movimentam o cenário nacional trazendo músicas que primam pela mensagem crítica, pela poesia das letras. Músicas que ultrapassam anos e continuam atuais, pois são símbolos de uma geração inconformada, insatisfeita com os rumos que o país tomava e ainda toma.
Quem nunca cantarolou na vida "Que país é esse?".
Ou nunca afirmou que "O Papa é Pop"!?
E isso é que eu amo na música. Esse poder de sintetizar em poucas linhas o que queremos dizer. De levar pra qualquer canto os anseios de uma geração.
Mas hoje em dia...
A criatividade de alguns é tão capenga que nem se preocupam em produzir algo com sentido. Botam qualquer porcaria rimando com outra pior ainda, costuram alguns acordes e pronto. E ainda chamam isso de música
Este texto não é uma defesa do Rock. Defendo a música. Não importando o ritmo, mas dando valor a letra. É impossível chamar coisas como "créu" de música. Nem com muito esforço e tolerância somos capazes disso.
Enquanto a bunda ocupar o lugar que deveria ser do cérebro, mais composições imbecis irão surgir no mercado nacional. E nosso país, berço da Bossa Nova, gerador de grandes gênios das letras como Vinícius e Chico, pode acabar virando uma grande fossa.
Mas a beleza da arte é maior que o vazio do absurdo. Sempre haverá pessoas disposta a propagar a música de verdade. Que emociona. Que faz pensar. Que faz acreditar em um mundo melhor, mais justo. Mais ritmado nos acordes da liberdade e da igualdade.
É por isso que o Bruno tem razão. E sempre vai ter.

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