domingo, 3 de agosto de 2008

As Prateleiras do Mercado.

Somos produtos no mercado.
Eles se aproximam. Olham pra nós. Analisam a embalagem. E nos levam embora.
Assim é no Mercado de Trabalho.
Sempre cismei com essa expressão. "Mercado de Trabalho". Na minha mente vem a imagem de imensas prateleiras, carregadas de produtos. Todos com alta qualidade e preparados para o consumo. Todos à espera de compradores.
Mas minha cisma não adianta muito. Também faço parte deste mercado. O que incomoda é ser um "produto". Produtos não têm vida. Não têm sonhos. Não têm um futuro. São utéis até o momento em que cumprem sua função. Depois são descartados. Trocados por outros.
Como educadores que somos nossa função é orientar as novas gerações. Prepará-las para a vida futura. Não são "produtos" em potencial. São pessoas que ensinadas de modo adequado, humanitário, farão parte da sociedade como agentes modificadores e não somente produtos em uma prateleira.
Educação para a vida deve ser prioridade em nossas escolas. Ensinar o valor da honestidade, da solidariedade, do amor ao próximo é fundamental para uma visão de vida mais afinada com o mundo que queremos. Ou deveríamos querer.
Entretanto, é interessante notar como somos levados a pensar de outro modo. Desde pequenos, a visão do "cada um por si" é jogada para nós. Ajudar o colega ao lado? Nem pensar! Ele é meu concorrente e pode pegar meu lugar.
É disso que estamos falando. Essa visão movida pelo modo de produção capitalista transforma todos nós em adversários uns dos outros.
Só o Mercado é que sai ganhando desse modo. As pessoas não.
Infelizmente, as prateleiras do Mercado sempre vão existir. E você sempre será visto como um produto à disposição.
Porém, a vida é muito mais do que isso.
E você é muito mais do que uma mercadoria à venda nesse imenso Mercado que nos cerca.

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